domingo, 3 de maio de 2009

olhos pequenos

ainda lembro teus doces olhos instantes antes de virardes serpente - vós, que sois muitas numa íris agora incolor, camaleoa. pois que por agora vem me clareando o modo pelo qual me deixou desumano. já posso sentir meu pescoço inflamado, saber de seus dentes: viravam-me os olhos enquanto roçavas a pele, me deixando presa. poro por poro se infiltrou feito corrente, até substituir meus nervos, entrelaçando-me. Sugara-me a substância, roubaste minha firmeza - depois, achando que não serviam os ossos, me jogastes fora por inteiro! cai pedinte, mendigando qualquer trocado do teu desejo. você sorriu, linda, me chamando de bêbado. Sarcástica, estendeu a mão para brincar um pouco mais com meu segredo. estava eu em público, depenado, em humilhação. pois que então, perseguido pelas risadas, comecei minha fuga. cambaleante, sem origem ou destino. perdi todas minhas fichas, desgracei meus melhores amigos. e eis que somes, me deixando doente arder em vício. me pergunto se já existiu no mundo pessoa tão faltando como eu, tão só, tão triste. olhos pequenos... perderia tudo outra vez por uma gota mais do teu veneno.

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