segunda-feira, 20 de abril de 2009

tranqüilo...

faço de tijolinhos planos pr`aquela calma precisa,
das coisas verdes que conservam raízes
e confiam sua vida a um único solo
repleto de intempéries e providências.
Calma das árvores antigas.

Calma das formigas trabalhadeiras, que indubitavelmente aplicam toda sua energia a uma tarefa certa, digna, sem erros, completa de motivo. De quem encontrou sua abelha rainha...
Daquela falta de incerteza que abraça os que ainda podem crer em Deus e, nas dificuldades, vêem dos ombros dEle os passos na areia, e cantam louvores.

Da constância e verdade nas sempre únicas ondas que brindam o mar - onde todos são pequeninos e os jacarés são de se correr atrás - ondas que, esticando-se, no fim da tarde, acariciam com o fim castelos, desenhos e versos feitos justamente sob a predestinação de findar. Praia nordestina, o vento nos coqueirais e o bom proveito de suas sombras, o calor no corpo e a água evaporando, a esperança em silêncio oceânico de um dia reencontrar seu habitat.

A calma de saber o quão ínfimo somos no tempo e que a vida independe de qualquer sorte pra continuar, que não temos força para desperdiçar o caminho, e que mesmo a existência sendo desprezada teremos paz na velhice e boa aposentadoria – com casa fortificada e família amada (ah, a santa inocência burguesa...)

O encontro com a bondade do destino, das coincidências que transbordam o sentido e onde a felicidade depende de esticarmos o braço. A calma do despreocupado, do que anda de improviso, certo da ajuda dos astros. O domínio dispensado...

Do simples e profundo,
do detalhe que abre o mundo,
da metáfora mais bonita que nada vale.
Da obra concretizada, da sensação de totalidade,
do inútil, do prenhe, do bruto, do delicado.

...como um sorriso de amor.

domingo, 12 de abril de 2009

crisálida quebrada

Ah...
as borboletas e suas asas espelhadas,
quando elas desgrudam
os espelhos se abrem.

e ela sai da caixinha,
bela,
voando por ai...

vento,
luz, flores,
árvores ondulando -

a vida que trabalha livre,
ama em camas de polén,
como um beijo, fecunda.

vai de improviso,
borboleteando pra de onde nunca saiu...

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Meu narcisismo secundário está inflamado!
Disco riscado: meu amor é meu
amor é meu...

e um jeito de ser me abraçou,
pesando os olhos -

mas não posso mais a cumplicidade dessa gente estúpida,
tenho comigo que de agora em diante serei sozinho.

Com sorte ainda amarei a lua,
buscarei seu silêncio na madrugada,
seu cheiro de coisa sonhada.
Ansiarei o ciclo da Terra como a vida que se despe,
tudo para chegar na tua luz e me desmanchar.

Quando então cansado de não tocá-la,
encolhendo os joelhos até o peito,
pensarei que acaricia-me um abrigo

e que todo o mundo, agora redimido,
já dormira tranqüilo, pois seu manto
nos cobriu da realização ideal.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Sarau

Escrever poemas para quê? Expor alguns num blog, o que leva uma pessoa a isso? Blog, nunca achei que escreveria um! Minha priminha achou um absurdo, mas tá aí, um blog. Tudo começou com uma borboletinha me chamando, de perto vi das cores mais bonitas, fui seguindo ela e parei aqui. Depois ela foi voando, deixar o mundo mais feliz. Saudades...

Não bem poemas, talvez uma tentativa meio clichê de escrever poeticamente – patético, dito com outros ouvidos. E muitas vezes é certo, me sinto envergonhado de mim, ridículo. Quem, para dizer o que sinto? Quem, para insistir que devo dizer? Não sei, mas fiz um blog – como um dia brota uma flor ou uma ferida aberta. Cheio das boas intenções.

Agora, tem também a sensação de querer tornar útil, de existir com o olhar do outro. Não é esse um de nossos grandes motivos? Que pesadelo... É claro que todos temos nossos mundos fugidios, nossas tramas e trancas, danças e mantas. Mas, quem bisbilhoteia peças íntimas no varal vizinho? Com que força vira fofoca? Como corredor?

Podíamos fazer um Sarau! O que acham? Vamos todos ser felizes?!