segunda-feira, 30 de março de 2009

nada justifica tantas chances desperdiçadas!

Somos o show de um palhaço,
público batendo palma, bebê chorando assustado.
A mãe acolhe – ‘você já não tem idade!’.

Em tudo se vê sexo nessa roda improvisada,
e dá-lhe risada. Incesto no picadeiro,
lona armada. Foice bailando solta,
gozo com hora marcada. Tateando a carteira,
passa boi, passa boiada – e os pais rindo com a criançada.

O bom-senso, envergonhado, se fecha alma-penada. E some...

Atração.
Sua sorte eram as roupas coloridas,
o foco da luz e a pele maquiada. De fato,
pouco importavam suas cambalhotas, ou, depois,
seu texto cru dito sem metáforas.

Só quando gritou sua dor mais inflamada, o público parou,
fez silêncio. Olhou-se. Então explodiu numa gargalhada
daquelas de sustentar a própria graça. Uma piada.
O palhaço retirou-se sem ser notado.

Sozinho,
realizou-se com a cara no espelho, batendo, até vazar os olhos.
Depois passou a lamber os cacos até sua língua ficar desconfigurada.
Só parou quando o domador de leão, seu grande amigo, lhe desmaiou com pauladas.

O público, que não vê atrás dos bastidores, foi embora feliz,
satisfeito com o espetáculo.
Diria, um pouco apressado, não queriam perder o finalzinho do Fantástico.

quarta-feira, 25 de março de 2009

hoje no cinema me apaixonei.
Hiroshima, mon amour.

sexta-feira, 20 de março de 2009

digna de nota: preludiando.

Te ver se lambuzando nessa menstruação
me faz são.
A maneira como expele e sorri
prepara o berço pr`uma gozada geração.

então,
quando nos penetramos olhos nos olhos,
seu buraco faz o meu mais feliz.

domingo, 15 de março de 2009

Nulidade

O que se diz de felicidade?
e eu só posso seus olhos fechados...

Meus desejos caminham milhas e
chegam sempre em lugares afastados.
Qual bússola permitirá o encontro,
será o instante em que a loucura
à rosa dos ventos invade?

Felicidade,
essa inocência humana...

A minha condenou-se à metafísica.
Intocável, fez do antigo jardim um pântano nublado
por onde vagam sonhos deteriorados.
E mesmo quando sol do corpo dela me abraça,
a mato com minha impossibilidade.

Não é carma, nem destino.
É compromisso fincado,
espada presa entre pedras de toneladas.
E, enquanto não reconhecer-me nobre, não poderei nada.
Apenas olhá-la seduzir-me com seus rodopios de ninfa-fada.

A morte seria tocá-la.
Isso me reassumiria a honra, a vida.
Como beijo de amor salvando do ser sapo.

Teria, então, que assumir nova existência,
romper com o passado.
Destapar os ouvidos,
desatar-me do mastro.

Mas isso não posso,
seria muito arriscado.
Prefiro continuar covarde.

segunda-feira, 9 de março de 2009

na madrugada sozinha

ah vida,
por que não abre seus grandes lábios para mim?