Ficou revirando entre dias, ruminando na barriga, esôfago. Empurrava pela garganta, enchia os brônquios e dissipava grave. Subia e descia naquela sensação de vômito. Às vezes saia até som, contração. Mas não saia. Vazio. Oco de falta abafada, suando frio. E já se passavam dias. A coisa estava ficando insuportável. Até que veio. Toda orgulhosa, se achando obra. Daí então pensei: ‘ninguém merece ver esse troço’ - e puxei a descarga. Estava leve outra vez. O vento retomou seu velho hábito de passar jovem e fazer carinho. Mas durou pouco. Eis que a campainha toca, o coração dispara. Abro a porta, ninguém. Volto para casa, encontro a geladeira aberta e gente que se disfarça no sofá. Fico sem ter onde cair morto. Meu estômago revira, ando de um lado para o outro. Não desocupam o banheiro. Perdi minha cama. A coisa ficou aguda. Do que essa obra tanto reclama? Acho que nasci com a sina do desassossego.
“Quiçá, um dia, a fúria desse front virá lapidar o sonho até gerar o som”
Assinar:
Postar comentários (Atom)
" coração desejo e sina..."
ResponderExcluir(coruja)