segunda-feira, 30 de março de 2009

nada justifica tantas chances desperdiçadas!

Somos o show de um palhaço,
público batendo palma, bebê chorando assustado.
A mãe acolhe – ‘você já não tem idade!’.

Em tudo se vê sexo nessa roda improvisada,
e dá-lhe risada. Incesto no picadeiro,
lona armada. Foice bailando solta,
gozo com hora marcada. Tateando a carteira,
passa boi, passa boiada – e os pais rindo com a criançada.

O bom-senso, envergonhado, se fecha alma-penada. E some...

Atração.
Sua sorte eram as roupas coloridas,
o foco da luz e a pele maquiada. De fato,
pouco importavam suas cambalhotas, ou, depois,
seu texto cru dito sem metáforas.

Só quando gritou sua dor mais inflamada, o público parou,
fez silêncio. Olhou-se. Então explodiu numa gargalhada
daquelas de sustentar a própria graça. Uma piada.
O palhaço retirou-se sem ser notado.

Sozinho,
realizou-se com a cara no espelho, batendo, até vazar os olhos.
Depois passou a lamber os cacos até sua língua ficar desconfigurada.
Só parou quando o domador de leão, seu grande amigo, lhe desmaiou com pauladas.

O público, que não vê atrás dos bastidores, foi embora feliz,
satisfeito com o espetáculo.
Diria, um pouco apressado, não queriam perder o finalzinho do Fantástico.

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